quarta-feira, 6 de abril de 2011

Inclusão Social, uma pulga atrás da orelha - Parte 3.

Na parte 2 destes textos sobre Inclusão Social pedi que para que vocês respondessem à perguntas: "Qual é o nosso modelo de sociedade e quem precisa ser incluído?" e "E os excluídos, aonde eles estão?".

Antes de nos referir ao modelo de nossa sociedade, vou tentar listar alguns grupos que reivindicam - cada um ao seu modo, com objetivos e necessidades específicos - reconhecimento social. Vou fazer essa lista mesmo sabendo que a Inclusão Social tem como principal protagonista os defensores dos projetos que visam adaptar a sociedade para aqueles que têm alguma deficiência física. Vamos à lista? Os grupos e suas reivindicações básicas que eu lembro nesse momento são: 1. Os deficientes físicos/mentais - adaptabilidade das estruturas e mobilidade sociais 2. Os negros - representa o maior grupo que defende oportunidades iguais para raças diferentes 3. As mulheres - direitos de oportunidades e expressão próprias do sexo, sem prejuízo de qualquer benefício que o sexo masculino possa ter  4. Os homossexuais - também tem a ver com o sexo, mas se voltam contra, principalmente, a hostilidade de homens e mulheres heterossexuais 5. Os de baixa renda (classe social) - reivindicando principalmente estrutura digna para prosperar socialmente 6. Os índios - direito à própria cultura, vivendo a seu modo e em suas terras 7. Os idosos - em termos práticos, as necessidades do grupo de idosos com o dos deficientes físicos/mentais são próximos, ou seja, pedem adaptabilidade das estruturas sociais, mas com exigências específicas

Todos esses grupos - sem falar em grupos étnicos, religiosos, estrangeiros, nascidos no Norte-Nordeste do país -, com todas as suas particularidades, têm em comum a necessidade de que a sociedade os reconheça como tais, com identidade própria, para que eles possam agir livremente sem discriminações sociais. Ser reconhecido socialmente é ter identidade e poder ser um cidadão. Outro aspecto comum é que um grupo não necessariamente reconhece o outro.

Agora pensem em todos esses grupos. Quem sobra? Com todos esses excluídos, quem tem realmente a sua identidade reconhecida na sociedade?

A proliferação de sub-grupos sociais é o resultado de uma sociedade generalizadamente hostil. Na minha opinião, a Sociedade Inclusiva é o resultado confuso de nossa hostilidade social. No entanto, ela ainda tem o seu valor porque reúne forças para a sobrevivência dos grupos, exigindo a legitimidade dos mesmos.

As mudanças promovidas pela sociedade costumam ser resultados do enfrentamento das forças sociais - não produzidas pela educação e pelo entendimento. Não é por acaso que esses movimentos são chamados de "lutas".

Se formos levar em conta todos esses grupos excluídos - e apenas como uma caricatura - gostaria de representar o cidadão brasileiro. Ele tem as seguintes características: Homem nascido no Sul ou Sudeste do Brasil; Adulto em idade produtiva e com Emprego que garanta um médio-alto consumo; Branco; Não deficiente físico/mental; Heterossexual. Esse é o nosso cidadão, que representa a caricatura da sociedade brasileira.

Agora me respondam: Como incluir aqueles grupos nessa sociedade de um elemento só? A resposta é que não há como fazer isso. E aí os grupos passam a reivindicar uma sociedade Plural a qual todos os grupos sejam reconhecidamente cidadãos e que sejam tolerantes com a diferença. E como há enormes diferenças precisamos ter uma enorme tolerância - uma tolerância irrealizável, eu diria.

Enfim, a conversa poderia se estender por muitas páginas - talvez por páginas de bibliotecas inteiras -, mas vou terminar dizendo que a Sociedade Inclusiva é um movimento que nasce de um desejo legítimo de reconhecimento social das pessoas e da vontade de que os nossos representantes tenham em mente uma sociedade em que todos possam ser atendidos com respeito e igualdade - como "Brasil, um país para todos", slogan do Governo Federal. No entanto, eu não só tenho sérias dúvidas quanto ao projeto geral, ainda discordo com o termo Inclusão Social e acredito que ele reflete uma confusão no entendimento, tanto com respeito às reivindicações, quanto à esperança que a elas acompanha. Se estou certo ou errado não é importante aqui. O importante é que vocês tenham mais elementos para pensar sobre essas questões.

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